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sábado, 21 de setembro de 2013
"Pepetela" pede redução do preço dos livros
O escritor, que apresentou na quinta-feira, na União dos Escritores Angolanos (UEA), o seu mais recente livro, “O Tímido e as Mulheres”, referiu que existem ainda problemas “sérios” de edição no país, o que encarece o preço dos livros. A falta de bibliotecas públicas e nas escolas, assim como os custos elevados da produção de obras literárias são, para o autor, deficiências que acabam por se reflectir na própria literatura, assim como na falta de leitores e na qualidade das obras. Apesar de ter felicitado os esforços das instituições ligadas à produção literária angolana, para dar outra dinâmica à arte da escrita no país, Pepetela reconheceu existir uma expectativa maior que ainda não se alcançou, desde a edição dos primeiros livros do pós-independência, “que deram a sensação de existir uma explosão literária”. Agora, disse, existem mais títulos e um súbito aparecimento de bons escritores que têm dado outra dinâmica à literatura angolana. “As artes plásticas, a música e o teatro têm-se desenvolvido bastante, mas o cinema e a literatura ainda precisam de mais investimentos e divulgação”, realçou. O escritor referiu, ainda, que é importante definir e padronizar a cultura angolana, tal como é urgente aumentar no mercado os materiais para produção e divulgação das obras. “A cultura vai continuar a ser feita no país. O único problema é como a divulgar ao mundo, já que para isso são precisos apoios financeiros”, desabafou. Pepetela acrescentou que existe uma diferença muito grande entre a literatura de antes e a de agora. “Anteriormente, os textos eram mais focados na independência, com forte pendor político. Actualmente, há uma maior liberdade de expressão nas abordagens dos textos literários”, contou. Para se criarem bons escritores, Pepetela aconselhou a nova geração a ler e a escrever muito. “Este é apenas o único caminho para uma pessoa se tornar um bom escritor”, disse o autor de “O Tímido e as Mulheres”. O livro, esclareceu, é uma análise de Luanda, sobre as pessoas que se movem na cidade e também de uma família, como muitas outras, que vive num bairro mais periférico. “É um retrato da vida social e do desenvolvimento da capital do país”, explicou. Pepetela adiantou que o seu novo romance, que vendeu mais de 200 exemplares no acto de lançamento, de acordo com a Texto Editor, tem aspectos diferentes das outras obras já publicadas. “Acredito que é pelo facto do assunto ser um pouco mais superficial, abordando os problemas mais pessoais das personagens, e não propriamente as ideias, embora tenha preservado alguns princípios”, comentou o representante da editora. Pepetela é o pseudónimo literário de Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, nascido em Benguela, há 71 anos. Tem no mercado as obras “Muana Puo”, “Mayombe”, “O cão e os calús”, “Yaka”, “Lueji - O nascimento de um Império”, “A Geração da Utopia”, “Parábola do Cágado Velho”, “A gloriosa família” e “A Sul. O Sombreiro”. Licenciado em sociologia em Argel, Pepetela foi guerrilheiro do MPLA, político e governante. Desde 1984 é professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda. Pepetela tem no seu palmarés o Prémio Camões de Literatura, conquistado em 1997. É também membro da União dos Escritores Angolanos (UEA)
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